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Tarifa Brasil EUA: entenda o impacto da nova medida sobre as exportações brasileiras

  • Foto do escritor: Anna Carolina Romano
    Anna Carolina Romano
  • 17 de jul.
  • 6 min de leitura

Tarifa Brasil EUA: entenda o impacto da nova medida sobre as exportações brasileiras


O comércio entre Brasil e Estados Unidos sempre foi um dos pilares das relações econômicas internacionais para ambos os países. Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$40,36 bilhões em bens para os EUA, enquanto importou US$40,65 bilhões, resultando em um pequeno déficit brasileiro. No entanto, essa dinâmica foi profundamente alterada em julho de 2025, com o anúncio de uma tarifa adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre todas as exportações brasileiras. 


A seguir, explicamos o que é a tarifa Brasil EUA, por que foi criada, quais setores e estados brasileiros serão mais impactados e quais são as reações do governo e do Congresso Nacional.


O que é a tarifa Brasil EUA e por que ela foi criada


A tarifa Brasil EUA corresponde a uma medida unilateral adotada pelo governo americano, elevando em 50% o custo de qualquer produto brasileiro que entre no mercado dos Estados Unidos. 


Antes dessa decisão, as tarifas existentes eram mais pontuais e moderadas, como as de 25% sobre aço e 10% sobre alumínio, impostas desde 2018. Em abril de 2025, já havia sido instaurada uma tarifa geral de 10% sobre os produtos brasileiros, como já destacamos no artigo Tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros: entenda o impacto. Mas a nova medida representa uma escala muito maior, praticamente fechando o mercado americano para o Brasil.


As motivações declaradas pelo presidente Donald Trump para implementar a tarifa Brasil EUA envolvem acusações de uma relação comercial supostamente desigual. Trump afirmou que o Brasil mantém tarifas e barreiras contra produtos americanos, o que, segundo ele, justificaria uma resposta à altura. Entretanto, a maioria dos especialistas classifica essa justificativa como pretexto para uma retaliação de cunho político e ideológico. 


Trump criticou abertamente o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal e expressou insatisfação com mudanças no Marco Civil da Internet no Brasil, alegando violações à liberdade de expressão de empresas de tecnologia americanas. A discussão sobre o papel das redes sociais nas disputas políticas, inclusive, foi abordada recentemente no artigo Redes sociais na formação política: qual o impacto real?.


Setores brasileiros mais afetados pela tarifa Brasil EUA


Os setores brasileiros mais impactados pela tarifa Brasil EUA abrangem desde bens industrializados até produtos do agronegócio. A indústria de base e os manufaturados, incluindo siderurgia, aeronáutica, máquinas, equipamentos e petróleo, tendem a ser fortemente afetados. 


Empresas como Embraer e Petrobras já estimam perdas significativas em suas receitas. No agronegócio, produtos como suco de laranja, café, carne bovina e açúcar ocupam lugar de destaque entre os mais prejudicados. A tarifa torna inviável a venda desses produtos para o mercado americano, levando a um excesso de oferta interna e consequente redução de preços no Brasil, afetando diretamente os produtores.


A indústria de metais e materiais básicos também sofrerá impactos relevantes. Produtos como ferro-gusa, semi acabados de ferro e aço, além de ligas metálicas, que já vinham sendo taxados em 50% desde junho de 2025, agora estão incluídos no pacote geral da tarifa Brasil EUA. Isso atinge de forma direta estados como Minas Gerais e Espírito Santo, onde esses produtos têm peso importante na pauta de exportações. 


Outros segmentos, como calçados, têxteis, tabaco e móveis, devem desaparecer do mercado americano com o novo tarifaço, afetando especialmente o Rio Grande do Sul.

Foto do presidente Donald Trump usando um boné vermelho escrito "make America great again", ao lado de uma foto do presidente Lula, usando um boné com a frase "o Brasil é dos brasileiros"
Comércio entre Brasil e EUA sempre foi pilar de relações internacionais para ambos os países.

Estados brasileiros mais impactados pela tarifa Brasil EUA


Entre os estados mais impactados pela tarifa Brasil EUA, São Paulo lidera em volume de exportações, com destaque para aeronaves e suco de laranja. O Rio de Janeiro se sobressai nas exportações de petróleo e produtos siderúrgicos, enquanto Minas Gerais é responsável por café, ferro-gusa e máquinas. 


Espírito Santo e Rio Grande do Sul também têm participação expressiva, com produtos siderúrgicos, celulose, tabaco e calçados, respectivamente. Além das empresas exportadoras, a tarifa Brasil EUA também afetará diretamente a logística portuária brasileira. Portos como o de Santos, no estado de São Paulo, e os portos do Rio de Janeiro e Vitória terão uma redução significativa no fluxo de exportações destinadas aos Estados Unidos.


Reação do governo brasileiro à tarifa Brasil EUA


Diante dessa situação, o governo brasileiro adotou uma postura de condenação veemente à medida americana. O presidente Lula classificou a tarifa de 50% como arbitrária e politizada, ressaltando que o Brasil não aceitará ser tratado como subalterno em suas relações comerciais. Ao mesmo tempo, o governo optou por buscar uma solução diplomática antes de recorrer a medidas de retaliação. 


A Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada em abril de 2025, permite ao Brasil impor tarifas equivalentes sem necessidade de autorização prévia da Organização Mundial do Comércio (OMC). Entretanto, o governo preferiu inicialmente intensificar o diálogo com as autoridades americanas para tentar reverter a decisão.


Além das críticas políticas, autoridades brasileiras também destacaram a importância de compreender as regras que regem as relações institucionais e econômicas entre países, incluindo a prática do lobby. No contexto da tarifa Brasil EUA, muitas vezes se questiona se pressões políticas ou empresariais configuram lobby legítimo ou extrapolam os limites legais. Para aprofundar esse debate, o artigo Lobby no Brasil é crime? Entenda o que diz a lei e o que pode mudar traz reflexões essenciais sobre o tema, esclarecendo pontos que ajudam a entender melhor situações como a atual disputa comercial.


Reação do Congresso Nacional à tarifa Brasil EUA


O Congresso Nacional também reagiu de forma quase unânime. Lideranças de diversos partidos se uniram em manifestações de repúdio à tarifa Brasil EUA, aprovando moções e articulando debates públicos sobre o tema. Embora haja divergências políticas sobre as causas da crise, governo e oposição convergiram no sentido de defender os interesses nacionais. 


Enquanto parlamentares aliados ao governo acusam a família Bolsonaro de incentivar Trump a punir o Brasil, a oposição argumenta que a política externa de Lula teria provocado o atrito. Ainda assim, existe consenso sobre a necessidade de proteger exportadores e empregos brasileiros.

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Impactos econômicos da tarifa Brasil EUA para o Brasil


Os impactos econômicos da tarifa Brasil EUA são significativos. Estima-se que as exportações brasileiras para os Estados Unidos possam cair até 25% em valor, o que pode reduzir o Produto Interno Bruto do Brasil entre 0,2 e 0,3 ponto percentual ao longo do ano. Além disso, há o risco de pressão cambial, com o dólar subindo e alimentando a inflação interna. Esse cenário de inflação já vinha sendo observado nos últimos meses e foi tema de análise, como discutimos no artigo Inflação no Brasil: fatores, efeitos e tendências.


O setor produtivo brasileiro já trabalha com projeções de retração nas vendas, cortes de produção e demissões em empresas que dependem do mercado americano.


Estratégias do Brasil para contornar a tarifa Brasil EUA


Para contornar a situação, o Brasil busca diversificar seus mercados de exportação, fortalecendo relações com países da Ásia, Europa e Oriente Médio. Além disso, o governo tem intensificado negociações para acelerar acordos comerciais com a União Europeia e reforçar parcerias dentro do BRICS. No entanto, essas soluções são de médio a longo prazo e não eliminam os efeitos imediatos da tarifa Brasil EUA.


Quando a tarifa Brasil EUA entra em vigor


A entrada em vigor da tarifa Brasil EUA está prevista para 1º de agosto de 2025, com validade por tempo indeterminado. Para acompanhar atualizações sobre o tema, é possível consultar informações oficiais junto ao Itamaraty, à Confederação Nacional da Indústria e aos canais do governo federal, além de acompanhar de forma automatizada pela plataforma Inteligov.


Tarifa Brasil EUA: desafio ou oportunidade para agir com inteligência?


A tarifa Brasil EUA de 50% impõe um desafio de grandes proporções para a economia brasileira. A resposta exigirá equilíbrio entre firmeza e pragmatismo, buscando preservar as relações comerciais sem abrir mão da defesa dos interesses nacionais. O futuro dessa disputa dependerá da capacidade de negociação entre os governos e da pressão interna nos Estados Unidos, onde setores produtivos e consumidores também podem se mobilizar contra os efeitos negativos do tarifaço.


Mais do que observar os desdobramentos, este é o momento de buscar informação estratégica e agir com inteligência. A Inteligov acompanha em tempo real os movimentos legislativos e regulatórios que impactam diretamente setores econômicos e relações comerciais. Acesse nossas soluções para conferir como podemos ajudar a entender melhor cenários como esse e se preparar com antecedência.


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