top of page

Redes sociais na formação política: influência, riscos e oportunidades

  • Foto do escritor: Anna Carolina Romano
    Anna Carolina Romano
  • há 18 minutos
  • 5 min de leitura


Redes sociais na formação política: influência, riscos e oportunidades para RIG e advocacy


As redes sociais deixaram, há muito tempo, de ser apenas espaços de interação pessoal. Elas se consolidaram como ferramentas poderosas na formação da opinião política, na mobilização social e até na influência de processos legislativos.


O ambiente digital se tornou uma extensão direta da arena política, com impactos que vão desde a construção de narrativas públicas até a definição de votos e o andamento de projetos no Congresso.


Neste artigo, você vai entender como as redes sociais e a formação política estão profundamente conectadas, como parlamentares, partidos e frentes parlamentares utilizam essas plataformas para pautar discussões, e de que forma profissionais de relações institucionais e governamentais (RIG), public affairs e advocacy podem — e devem — atuar estrategicamente nesse ecossistema.


🗳️ Redes sociais na formação política no Brasil


Dados recentes mostram que 80% dos brasileiros usam redes sociais como fonte de informação política. Aproximadamente 22% já consideram as redes como sua principal fonte de notícias sobre política, ficando atrás apenas da televisão.


O WhatsApp, embora não seja tecnicamente uma rede social aberta, exerce um papel fundamental nesse cenário. Ele é utilizado por 79% dos brasileiros como fonte frequente de informações sobre política, seguido pelo Facebook (33%), Instagram (16%) e YouTube (12%).


Esse cenário evidencia que a opinião política nas redes não é apenas uma extensão do debate offline — ela é, muitas vezes, o centro das discussões, moldando percepções, decisões e até resultados eleitorais.


O impacto desse ambiente digital vai além das conversas informais. As redes sociais interferem diretamente na dinâmica institucional, principalmente em momentos de grande visibilidade política, como durante CPIs, tramitações de projetos de grande repercussão ou debates que envolvem alta polarização, como se observou na discussão sobre a CPI das Bets e na pressão gerada em torno do PL das Fake News.


🏛️ Como políticos, partidos e frentes usam as redes para influenciar


O impacto das redes sociais na política se torna ainda mais evidente quando se observa o comportamento de parlamentares e partidos. Rankings de influência digital apontam que políticos como Nikolas Ferreira, Fábio Teruel, André Janones, Cleitinho e Flávio Bolsonaro lideram em engajamento nas redes.


O uso estratégico dessas plataformas permite que eles construam narrativas, mobilizem suas bases e pressionem decisores — tudo em tempo real e sem intermediação da mídia tradicional.


Além dos perfis individuais, partidos e frentes parlamentares também investem pesado em comunicação digital. A Frente Parlamentar da Agropecuária, por exemplo, realizou campanhas patrocinadas nas redes para defender o projeto do marco temporal, utilizando argumentos econômicos, dados e conteúdos direcionados a públicos específicos.


Esse tipo de mobilização, além de influenciar a opinião pública, é parte de uma estratégia muito clara para impactar o processo legislativo, que tem se tornado cada vez mais sensível às repercussões externas, especialmente quando há alta pressão social.


Movimentos parecidos aconteceram durante a tramitação do PL das Fake News, quando tanto grupos favoráveis quanto contrários utilizaram as redes como espaço de lobby, pressão e mobilização, dinâmica bastante semelhante ao que se observa em momentos de tramitação de projetos de lei.


📣 Advocacy digital e relações institucionais nas redes


As redes sociais não são utilizadas apenas por políticos. Empresas, organizações, movimentos sociais e profissionais de RIG e advocacy digital também encontraram nesses canais um espaço para defender interesses, dialogar com stakeholders e construir reputação.


O exemplo da ONG Sleeping Giants Brasil é emblemático. Através de mobilização digital, a organização já fez com que mais de R$200 milhões deixassem de financiar sites de desinformação. Isso mostra como a pressão pública, organizada nas redes, pode gerar efeitos concretos tanto no ambiente econômico quanto na esfera política.


Outro caso recente foi o do Google, que, durante a tramitação do PL das Fake News, chegou a exibir em sua página inicial uma mensagem contra o projeto, além de utilizar seus algoritmos para favorecer conteúdos críticos à proposta. Isso gerou forte repercussão institucional, incluindo notificações do Ministério da Justiça.


Esses exemplos evidenciam que o advocacy não acontece mais apenas nos bastidores. Ele está cada vez mais visível, na linha do tempo de quem acompanha política nas redes — uma dinâmica que se soma a outras formas de atuação, como a elaboração de estratégias baseadas em análise de conjuntura e no monitoramento constante do ambiente político.

Mãos de uma mulher mexendo em smartphone
Oito em cada dez brasileiros já usaram o WhatsApp para se informar sobre política.

⚠️ Riscos: desinformação, polarização e impactos negativos


Se, por um lado, as redes sociais oferecem oportunidades para ampliar a participação pública e influenciar políticas, por outro, também potencializam riscos — e não são poucos.


Pesquisas do DataSenado revelam que 72% dos brasileiros já se depararam com fake news sobre política nas redes sociais. Além disso, quase metade dos entrevistados admite ter dificuldade para diferenciar notícias verdadeiras de informações falsas.


O Brasil aparece entre os países mais polarizados do mundo. Segundo o Edelman Trust Barometer, 80% dos brasileiros percebem que os debates políticos nunca foram tão agressivos, desrespeitosos e polarizados como hoje.


Esse ambiente de desinformação e radicalização influencia diretamente a opinião pública, pressiona instituições e, muitas vezes, impacta o andamento de projetos legislativos e decisões políticas — o que exige, cada vez mais, preparo de profissionais e organizações para lidar com crises causadas por eventos políticos ou regulatórios, cujos impactos podem ser potencializados ou até mesmo iniciados nas redes, como discutido no artigo sobre gestão de crise em relações governamentais.


📱 O impacto das redes sociais nas eleições


As redes sociais não apenas formam opinião: elas influenciam diretamente nas decisões eleitorais. Dados do DataSenado mostram que 45% dos brasileiros já decidiram seu voto a partir de informações vistas nas redes sociais — número que ultrapassa 50% entre os jovens.


Essa influência digital tem reflexos claros nas estratégias de campanha. O bolsonarismo em 2018 e, mais recentemente, a atuação do deputado André Janones na campanha de Lula em 2022, são exemplos de como a disputa pelo voto também acontece no feed, no story e no grupo de WhatsApp — fenômenos que se tornam ainda mais relevantes quando olhamos para contextos como anos eleitorais municipais, onde a pressão nas redes pode ser decisiva, inclusive em pautas locais e na forma como os agentes públicos atuam após eleitos, tema frequentemente discutido em análises sobre acompanhamento de projetos de lei e seus impactos no ambiente institucional.

Banner da plataforma Inteligov
Clique aqui e conheça as nossas soluções

Como profissionais de RIG podem usar as redes para influência e reputação


No contexto atual, as redes sociais se tornaram uma ferramenta essencial para quem trabalha com relações institucionais, advocacy e comunicação estratégica.

Elas são um espaço para:


  • Construir reputação pública, mostrando alinhamento da empresa com pautas de interesse social e responsabilidade corporativa.

  • Fortalecer a licença social para operar, dialogando diretamente com a sociedade e stakeholders institucionais.

  • Antecipar debates regulatórios, pautando informações, dados e argumentos que ajudem na formação da opinião pública e na sensibilização de tomadores de decisão.

  • Monitorar riscos reputacionais e regulatórios, já que o que viraliza nas redes hoje pode rapidamente se transformar em pressão legislativa ou até em processos formais, como abertura de CPIs ou tramitação de projetos emergenciais.


Na prática, isso significa que profissionais de RIG precisam combinar a inteligência do monitoramento político com a sensibilidade da gestão de reputação e da comunicação digital.


Nesse cenário, ter domínio de ferramentas como análise de risco regulatório, definição de palavras-chave para monitoramento e capacidade de mapear o movimento de stakeholders nas redes se torna uma competência indispensável.


🔍 Redes sociais e formação política: um caminho sem volta


O impacto das redes sociais na formação política é um caminho sem volta. Elas moldam opiniões, constroem (ou destroem) reputações, influenciam votos e, cada vez mais, definem os rumos de projetos legislativos e decisões institucionais.


Por isso, entender esse ecossistema é indispensável para qualquer profissional de relações governamentais, public affairs ou comunicação estratégica. As redes são, hoje, tão importantes quanto qualquer ferramenta de acompanhamento de projetos de lei, de análise de risco ou de planejamento de advocacy.



Banner com a foto da autora do artigo ao lado de sua mini bio profissional

bottom of page