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A CPI das Bets é só palanque?

  • Foto do escritor: Anna Carolina Romano
    Anna Carolina Romano
  • há 1 dia
  • 4 min de leitura


O que a CPI das Bets revela sobre o lobby e a formulação de políticas públicas

A CPI das Bets, em andamento no Senado Federal, colocou em evidência um setor bilionário que cresceu com pouca regulação no Brasil: o das apostas online.


Mas, mais do que uma investigação sobre fraudes e contratos obscuros, a comissão escancara o impacto político e regulatório de práticas publicitárias que envolvem influenciadores digitais, plataformas de jogos e consumidores muitas vezes vulneráveis.


O caso ganhou força a partir da convocação de personalidades da internet que promoveram conteúdos com promessas irreais de lucros fáceis — estimulando seguidores a apostarem em plataformas digitais sem qualquer orientação ou transparência sobre os riscos. A comissão investiga também suspeitas de manipulação de resultados esportivos, lavagem de dinheiro e omissão de responsabilidade por parte das empresas envolvidas.


Neste artigo, explicamos como funcionam as CPIs, o que está em jogo na CPI das Bets e por que esse tipo de investigação é central para entender os bastidores da formulação de políticas públicas no Brasil — especialmente quando envolve regulação de mercado, opinião pública e lobby transparente.


O papel institucional das CPIs


As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) são mecanismos constitucionais que permitem ao Congresso Nacional investigar fatos específicos com interesse público. Embora não tenham poder de punição ou julgamento, contam com prerrogativas importantes: podem convocar depoentes, requisitar documentos sigilosos, solicitar quebras de sigilo e produzir relatórios que encaminham denúncias ao Ministério Público ou recomendam mudanças na legislação.


Sua força política é inegável. CPIs têm o poder de colocar temas urgentes no centro do debate legislativo, provocar mobilização social e alterar as prioridades da agenda do Congresso. É o que ocorreu, por exemplo, com propostas legislativas debatidas a partir da regulamentação do lobby no Brasil, cuja discussão voltou a ganhar destaque nos últimos meses.

CPI das BETS realiza reunião para ouvir depoimento da testemunha influenciador digital Luiz Ricardo Melquiades. Relatora da CPIBETS, senadora Soraya Thronicke do Podemos-MS
CPI das Bets: investigação dos jogos e apostas esportivas no Brasil.

Como funciona uma CPI na prática


Para que uma CPI seja instaurada, é necessário que um terço dos parlamentares da Casa legislativa (171 deputados na Câmara ou 27 senadores no Senado) assinem o requerimento. A proposta deve ter um fato determinado e um prazo de funcionamento, geralmente entre 90 e 120 dias.


Uma vez instalada, a comissão define presidente e relator, aprova seu plano de trabalho e inicia os requerimentos de convocação, coleta de informações e audiências públicas. Com base nesses dados, é elaborado um relatório final com recomendações — que, dependendo do contexto, podem impactar diretamente a produção legislativa. Inclusive, muitas propostas de lei que alteram regras setoriais ou fortalecem mecanismos de controle têm origem em diagnósticos apresentados em CPIs.


O foco da CPI das Bets


A CPI das Bets foi criada para investigar a explosão do mercado de apostas esportivas no Brasil, especialmente em plataformas online. A ausência de uma regulamentação consolidada e a rápida popularização desse tipo de jogo geraram um cenário propício a abusos, fraudes e exploração comercial de consumidores — muitos deles jovens e com acesso irrestrito à internet.


Entre os principais pontos investigados estão os contratos entre influenciadores digitais e plataformas de apostas, que muitas vezes envolvem campanhas publicitárias agressivas e pouco transparentes. O discurso do “dinheiro rápido” aliado à autoridade desses comunicadores digitais criou um terreno fértil para que milhões de pessoas se sentissem encorajadas a apostar sem pleno entendimento dos riscos envolvidos.


A CPI, ao convocar influenciadores, donos de casas de apostas, representantes de clubes de futebol e membros do governo, constrói um retrato amplo do problema — e prepara o terreno para uma regulação mais robusta do setor de jogos e publicidade digital, tema que também está sendo debatido por meio de projetos de lei em tramitação.


A participação legítima de interesses


Nos bastidores da CPI das Bets, representantes de diversos setores têm atuado de forma estruturada para apresentar dados, sugestões e pontos de vista sobre o tema.


É o caso das casas de apostas que forneceram informações sobre o funcionamento do mercado global; dos clubes de futebol preocupados com a manutenção de patrocínios; de entidades jurídicas que pedem regras mais duras para proteger consumidores; e, também, dos próprios influenciadores, que passaram a reivindicar diretrizes claras sobre o que podem ou não divulgar.


Esse processo evidencia um movimento cada vez mais comum em CPIs: a presença legítima de grupos organizados na tentativa de influenciar tecnicamente os desdobramentos políticos.


Essa atuação — quando feita com transparência, dados e posicionamento público — é reconhecida como parte fundamental da democracia e se relaciona com o fortalecimento da prática do lobby institucional e da advocacy no Brasil.


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Impacto político e legislativo


Ainda que uma CPI não produza leis diretamente, os seus efeitos são profundos. No caso da CPI das Bets, o relatório final pode influenciar a criação de regras para a publicidade digital, a atuação de influenciadores, a proteção de dados de consumidores e até a responsabilização de plataformas em casos de manipulação de jogos ou vício em apostas.


Esse tipo de efeito indireto é o que torna o acompanhamento legislativo constante uma necessidade estratégica para empresas, organizações da sociedade civil e profissionais da área de relações governamentais. Afinal, não basta apenas acompanhar o texto de um projeto de lei — é preciso entender de onde ele veio, quais pressões o originaram, quem o apoia e qual conjuntura o favorece.


Como transformar a CPI em inteligência estratégica


A CPI das Bets não é apenas uma reação a um problema emergente. Ela mostra como temas complexos — envolvendo economia digital, comportamento do consumidor e regulação estatal — exigem atuação qualificada de todos os lados.


Para os setores que podem ser afetados por suas recomendações, acompanhar cada movimentação da comissão é uma forma de antecipar riscos, planejar respostas e contribuir com soluções construtivas. Mas isso exige atenção constante a dados pulverizados, documentos, requerimentos, agendas, discursos e bastidores políticos.


Com a plataforma da Inteligov, todo esse processo se torna mais estratégico. É possível monitorar CPIs em tempo real, configurar alertas, analisar movimentações legislativas, identificar atores influentes e cruzar informações com base em critérios relevantes para sua atuação. Tudo isso com fontes oficiais integradas — da Câmara, Senado, Assembleias Legislativas, diários oficiais e muito mais.


Em tempos em que uma CPI pode pautar a agenda pública, alterar prioridades do Congresso e influenciar diretamente o ambiente de negócios, tomar decisões com base em dados confiáveis não é mais diferencial — é sobrevivência institucional.


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