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Inteligência artificial no Direito: riscos, ética e regulação no contexto jurídico

  • Foto do escritor: Anna Carolina Romano
    Anna Carolina Romano
  • há 19 minutos
  • 4 min de leitura

Inteligência artificial no Direito: riscos, ética e regulação no contexto jurídico


A inteligência artificial no Direito já não é mais um tema teórico — ela faz parte do cotidiano de escritórios, departamentos jurídicos e magistratura. Ao mesmo tempo em que essas tecnologias trazem ganhos significativos de produtividade, surgem dilemas éticos, riscos reputacionais e desafios regulatórios que nenhum profissional do Direito pode ignorar.


Neste artigo, examinamos as três frentes importantes desse debate: a revisão judicial do uso de IA, a ética na advocacia digital e os impactos do Marco Legal da IA (PL 2338/2023). Com base em dados concretos e casos reais, oferecemos um panorama crítico para quem busca aplicar IA de forma responsável na prática jurídica.


Inteligência artificial no Direito e a regulamentação do Judiciário


Em 2020, o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução nº 332, traçando diretrizes do uso de IA por tribunais. No entanto, a proliferação de sistemas baseados em IA generativa — como os famosos “chatbots jurídicos” — colocou esse regramento em xeque.


Por isso, em 2025, o CNJ propôs uma revisão que inclui:



A nova resolução estabelece também que todos os tribunais devem publicar relatórios sobre as IAs em uso e criar comitês para monitorá-las. Isso é fundamental para que advogados saibam que tipo de sistema está em operação no Judiciário, e como isso pode afetar sua estratégia processual.


Esse movimento do CNJ é a prova de que a inteligência artificial no Direito deixa de ser domínio exclusivo dos tecnólogos — passa a exigir atenção jurídica direta, sob pena de impacto na estratégia, no mérito das peças e na reputação profissional.

Imagem em azul de um cérebro onde metade é de um cérebro humano e metade é de um cérebro artificial
A IA generativa quando má utilizada pode resultar em riscos reputacionais.

Ética na advocacia digital: quando a automação vira risco


Um dos casos mais emblemáticos recentes ocorreu em Santa Catarina, onde um advogado foi oficialmente advertido pelo TJ/SC por apresentar um habeas corpus contendo jurisprudência fictícia gerada por IA. A peça, redigida por um software generativo, continha citações inteiramente inventadas — um risco grave à credibilidade do profissional e do cliente.


Esse episódio ilustra bem os riscos da automação desgovernada:


  • Violação de deveres processuais: a produção de dados falsos contraria os princípios do art. 6º da OAB, que exigem honestidade, diligência e veracidade das informações;

  • Risco disciplinar e reputacional: a má-fé processual pode resultar em sanções, e o impacto sobre a reputação de escritórios ou departamentos é imediato;

  • Alerta ao mercado: o uso indiscriminado de IA, sem conferência crítica, coloca em xeque a confiança dos clientes e o valor agregado dos serviços jurídicos.


Para se aprofundar nos desafios do uso de IA no Direito, vale conferir nosso conteúdo sobre ética e compliance nas organizações— que traz reflexões sobre transparência, compliance e controle de qualidade.


Inteligência artificial no Direito e o Marco Legal da IA


Em 2024, o Senado aprovou o PL 2.338/2023 — o chamado Marco Legal da IA — que atualmente tramita na Câmara. Esse projeto institui o Sistema Nacional de Regulação e Governança de IA, sob coordenação da ANPD.


Aqui estão os pontos que interessam diretamente aos profissionais do Direito:


  • Classificação por nível de risco: sistemas usados em decisões legais, seleção de pessoal ou serviços jurídicos digitais entram em categorias de risco elevado e precisam de compliance reforçado;

  • Obrigatoriedade de Avaliação de Impacto Algorítmico (AIA) e mecanismos de transparência, rastreabilidade e supervisão humana;

  • Responsabilidade civil e administrativa em casos de falhas ou danos causados por IA, inclusive com provimento para inversão do ônus da prova;

  • Sanções severas, incluindo multas de até 2 % do faturamento ou R$ 50 milhões por infração.


Isso significa que departamentos jurídicos e escritórios usarão um tripé de governança: criar políticas próprias, atuar como guardiões éticos da IA e oferecer serviços de compliance tecnológico para clientes. Quem hoje pesquisa inteligência artificial no Direito está iniciando um caminho que será essencial nos próximos anos.

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Inteligência artificial no Direito como ferramenta


Mesmo com regulamentações emergentes e responsabilidades claras, a IA pode ser uma aliada estratégica nos serviços jurídicos:



Mas, para isso, é imprescindível adotar práticas responsáveis:


  1. Definir políticas internas de uso da IA, como um guia ético jurídico;

  2. Exigir revisão humana prévia a qualquer conteúdo que vá ao tribunal ou ao cliente;

  3. Registrar logs e trilhas de comprovação do uso da IA;

  4. Educar os times jurídicos com treinamentos sobre compliance digital e responsabilidade algorítmica.


Mais sobre esse tema pode ser encontrado no post da Inteligov sobre monitoramento regulatório como prática preventiva — uma metodologia que conecta IA, ética e segurança jurídica na prática.


Como reforçar a segurança jurídica e tecnológica


A inteligência artificial no Direito já está mudando a forma de exercer a advocacia. Mas para que essa transformação seja sustentável e segura, é preciso ir além da inovação: é necessário investir em governança jurídica, compliance digital e revisão ética constante.


Na Inteligov, desenvolvemos metodologias e soluções que ajudam escritórios e departamentos jurídicos a navegar esse cenário:


  • Monitoramento de normas e jurisprudência;

  • Análises de riscos regulatórios;

  • Acompanhamento de novas normas sobre uso de tecnologia e IA na atuação jurídica.


Se você deseja estruturar uma abordagem jurídica estratégica responsável e aderente à nova realidade tecnológica, clique aqui e saiba como podemos ajudar.

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