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InteligĂȘncia artificial no Direito: riscos, Ă©tica e regulação no contexto jurĂ­dico

  • Foto do escritor: Anna Carolina Romano
    Anna Carolina Romano
  • 10 de jul.
  • 4 min de leitura

InteligĂȘncia artificial no Direito: riscos, Ă©tica e regulação no contexto jurĂ­dico


A inteligĂȘncia artificial no Direito jĂĄ nĂŁo Ă© mais um tema teĂłrico — ela faz parte do cotidiano de escritĂłrios, departamentos jurĂ­dicos e magistratura. Ao mesmo tempo em que essas tecnologias trazem ganhos significativos de produtividade, surgem dilemas Ă©ticos, riscos reputacionais e desafios regulatĂłrios que nenhum profissional do Direito pode ignorar.


Neste artigo, examinamos as trĂȘs frentes importantes desse debate: a revisĂŁo judicial do uso de IA, a Ă©tica na advocacia digital e os impactos do Marco Legal da IA (PL 2338/2023). Com base em dados concretos e casos reais, oferecemos um panorama crĂ­tico para quem busca aplicar IA de forma responsĂĄvel na prĂĄtica jurĂ­dica.


InteligĂȘncia artificial no Direito e a regulamentação do JudiciĂĄrio


Em 2020, o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução nÂș 332, traçando diretrizes do uso de IA por tribunais. No entanto, a proliferação de sistemas baseados em IA generativa — como os famosos “chatbots jurĂ­dicos” — colocou esse regramento em xeque.


Por isso, em 2025, o CNJ propĂŽs uma revisĂŁo que inclui:



A nova resolução estabelece tambĂ©m que todos os tribunais devem publicar relatĂłrios sobre as IAs em uso e criar comitĂȘs para monitorĂĄ-las. Isso Ă© fundamental para que advogados saibam que tipo de sistema estĂĄ em operação no JudiciĂĄrio, e como isso pode afetar sua estratĂ©gia processual.


Esse movimento do CNJ Ă© a prova de que a inteligĂȘncia artificial no Direito deixa de ser domĂ­nio exclusivo dos tecnĂłlogos — passa a exigir atenção jurĂ­dica direta, sob pena de impacto na estratĂ©gia, no mĂ©rito das peças e na reputação profissional.

Imagem em azul de um cérebro onde metade é de um cérebro humano e metade é de um cérebro artificial
A IA generativa quando mĂĄ utilizada pode resultar em riscos reputacionais.

Ética na advocacia digital: quando a automação vira risco


Um dos casos mais emblemĂĄticos recentes ocorreu em Santa Catarina, onde um advogado foi oficialmente advertido pelo TJ/SC por apresentar um habeas corpus contendo jurisprudĂȘncia fictĂ­cia gerada por IA. A peça, redigida por um software generativo, continha citaçÔes inteiramente inventadas — um risco grave Ă  credibilidade do profissional e do cliente.


Esse episódio ilustra bem os riscos da automação desgovernada:


  • Violação de deveres processuais: a produção de dados falsos contraria os princĂ­pios do art. 6Âș da OAB, que exigem honestidade, diligĂȘncia e veracidade das informaçÔes;

  • Risco disciplinar e reputacional: a mĂĄ-fĂ© processual pode resultar em sançÔes, e o impacto sobre a reputação de escritĂłrios ou departamentos Ă© imediato;

  • Alerta ao mercado: o uso indiscriminado de IA, sem conferĂȘncia crĂ­tica, coloca em xeque a confiança dos clientes e o valor agregado dos serviços jurĂ­dicos.


Para se aprofundar nos desafios do uso de IA no Direito, vale conferir nosso conteĂșdo sobre Ă©tica e compliance nas organizaçÔes— que traz reflexĂ”es sobre transparĂȘncia, compliance e controle de qualidade.


InteligĂȘncia artificial no Direito e o Marco Legal da IA


Em 2024, o Senado aprovou o PL 2.338/2023 — o chamado Marco Legal da IA — que atualmente tramita na Cñmara. Esse projeto institui o Sistema Nacional de Regulação e Governança de IA, sob coordenação da ANPD.


Aqui estĂŁo os pontos que interessam diretamente aos profissionais do Direito:


  • Classificação por nĂ­vel de risco: sistemas usados em decisĂ”es legais, seleção de pessoal ou serviços jurĂ­dicos digitais entram em categorias de risco elevado e precisam de compliance reforçado;

  • Obrigatoriedade de Avaliação de Impacto AlgorĂ­tmico (AIA) e mecanismos de transparĂȘncia, rastreabilidade e supervisĂŁo humana;

  • Responsabilidade civil e administrativa em casos de falhas ou danos causados por IA, inclusive com provimento para inversĂŁo do ĂŽnus da prova;

  • SançÔes severas, incluindo multas de atĂ© 2 % do faturamento ou R$ 50 milhĂ”es por infração.


Isso significa que departamentos jurĂ­dicos e escritĂłrios usarĂŁo um tripĂ© de governança: criar polĂ­ticas prĂłprias, atuar como guardiĂ”es Ă©ticos da IA e oferecer serviços de compliance tecnolĂłgico para clientes. Quem hoje pesquisa inteligĂȘncia artificial no Direito estĂĄ iniciando um caminho que serĂĄ essencial nos prĂłximos anos.

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InteligĂȘncia artificial no Direito como ferramenta


Mesmo com regulamentaçÔes emergentes e responsabilidades claras, a IA pode ser uma aliada estratégica nos serviços jurídicos:



Mas, para isso, Ă© imprescindĂ­vel adotar prĂĄticas responsĂĄveis:


  1. Definir políticas internas de uso da IA, como um guia ético jurídico;

  2. Exigir revisĂŁo humana prĂ©via a qualquer conteĂșdo que vĂĄ ao tribunal ou ao cliente;

  3. Registrar logs e trilhas de comprovação do uso da IA;

  4. Educar os times jurídicos com treinamentos sobre compliance digital e responsabilidade algorítmica.


Mais sobre esse tema pode ser encontrado no post da Inteligov sobre monitoramento regulatĂłrio como prĂĄtica preventiva — uma metodologia que conecta IA, Ă©tica e segurança jurĂ­dica na prĂĄtica.


Como reforçar a segurança jurídica e tecnológica


A inteligĂȘncia artificial no Direito jĂĄ estĂĄ mudando a forma de exercer a advocacia. Mas para que essa transformação seja sustentĂĄvel e segura, Ă© preciso ir alĂ©m da inovação: Ă© necessĂĄrio investir em governança jurĂ­dica, compliance digital e revisĂŁo Ă©tica constante.


Na Inteligov, desenvolvemos metodologias e soluçÔes que ajudam escritórios e departamentos jurídicos a navegar esse cenårio:


  • Monitoramento de normas e jurisprudĂȘncia;

  • AnĂĄlises de riscos regulatĂłrios;

  • Acompanhamento de novas normas sobre uso de tecnologia e IA na atuação jurĂ­dica.


Se vocĂȘ deseja estruturar uma abordagem jurĂ­dica estratĂ©gica responsĂĄvel e aderente Ă  nova realidade tecnolĂłgica, clique aqui e saiba como podemos ajudar.

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