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Inteligência artificial, redes sociais e saúde mental: desafios e legislação

  • Foto do escritor: Anna Carolina Romano
    Anna Carolina Romano
  • 25 de set.
  • 4 min de leitura

Inteligência artificial, redes sociais e saúde mental no Brasil


O Brasil é um dos países mais conectados do mundo. O brasileiro passa, em média, 9 horas por dia na internet, sendo mais de 3 horas dedicadas apenas às redes sociais. Esse nível de hiper conectividade traz benefícios, como acesso a informação, lazer e novas formas de trabalho, mas também expõe a população a riscos importantes para a saúde mental.


Não é à toa que, na semana passada, o Senado Federal realizou uma audiência pública sobre a regulamentação da inteligência artificial (IA) e também sobre o seu uso no setor público. O debate reflete uma preocupação crescente: como equilibrar inovação tecnológica e bem-estar psicológico?


Neste artigo, vamos analisar dados recentes sobre o impacto da tecnologia na vida dos brasileiros, os riscos e benefícios do uso da IA e das redes sociais, e o que os Três Poderes já fizeram – ou estão discutindo fazer – para mitigar esses efeitos.


Redes sociais e saúde mental: benefícios e riscos


O Brasil tem hoje 144 milhões de usuários de redes sociais, ocupando a 3ª posição mundial em consumo dessas plataformas. WhatsApp, Instagram e Facebook estão entre os mais utilizados: 93% dos internautas usam o WhatsApp diariamente, 91% o Instagram e 83% o Facebook.


As redes sociais oferecem inúmeros benefícios: conexão com amigos e familiares, acesso instantâneo a informação, oportunidades de negócios e até apoio emocional em comunidades virtuais.


Contudo, pesquisas mostram que o uso contínuo e intenso dessas plataformas pode ter efeitos negativos:


  • Ansiedade e baixa autoestima ligadas à comparação constante com padrões irreais.

  • Distúrbios do sono, prejudicando concentração e produtividade.

  • Pressão por engajamento, gerando dependência de curtidas e validações externas.

  • Em casos graves, associação a ideação suicida.


O termo “brain rot” vem sendo usado para descrever a exaustão causada pelo consumo excessivo de conteúdos rápidos e superficiais. Esse cenário conecta diretamente as redes sociais ao debate de saúde mental e ao Setembro Amarelo.


Mulher deitada na cama, com o rosto iluminado pela luz do celular em um quarto escuro. A cena transmite o impacto do uso excessivo de redes sociais à noite, associado a distúrbios do sono, ansiedade e exaustão digital.
No Brasil, são 9 horas diárias na internet, 3 delas em redes sociais.

Inteligência artificial no trabalho e no cotidiano


A inteligência artificial já faz parte do dia a dia de milhões de brasileiros. No trabalho, 75% dos profissionais acreditam que a IA pode ser uma aliada, especialmente para automatizar tarefas repetitivas e melhorar a tomada de decisão. Ao mesmo tempo, 32% temem perder seus empregos para a automação, o que gera insegurança e estresse.


Essa ambivalência mostra que a IA é vista como um divisor de águas: ao mesmo tempo em que amplia a produtividade e cria novas oportunidades, também desperta ansiedade e exige adaptação da força de trabalho.


Fora do ambiente profissional, ferramentas de IA generativa – como o ChatGPT – já são usadas para estudos, criação de conteúdo e entretenimento. Mas o uso dessas tecnologias também levanta preocupações sobre direitos autorais, privacidade e saúde mental.


E é aqui que surge a pergunta: como regulamentar o avanço tecnológico de forma a proteger a população, sem sufocar a inovação?


Inteligência artificial, redes sociais e saúde mental: políticas públicas em debate


No Legislativo, diversas propostas buscam regular o impacto da tecnologia na vida dos cidadãos:


  • PL das Fake News (2630/2020): estabelece diretrizes para transparência de algoritmos e responsabilização das plataformas.

  • PEC 29/2023 (PEC da Transparência Algorítmica): inclui na Constituição a obrigação de que o desenvolvimento tecnológico respeite a integridade mental da população.

  • PL 2338/2023 (Marco Legal da IA): cria um marco regulatório para inteligência artificial, classificando sistemas por grau de risco e estabelecendo exigências diferenciadas para usos de alto impacto.


No Executivo, a Estratégia Brasileira de IA já define princípios éticos para orientar o uso da tecnologia. Além disso, o Ministério da Justiça vem exigindo transparência algorítmica e remoção de conteúdos nocivos de grandes plataformas, especialmente após ataques a escolas organizados em grupos digitais.


No Judiciário, o Supremo Tribunal Federal reforçou que a ausência de regulação não significa ausência de responsabilidade: plataformas digitais devem responder por danos causados por seus sistemas, à luz da Constituição e da dignidade da pessoa humana.


Essas iniciativas mostram que o tema está definitivamente na pauta dos Três Poderes. Mas também levantam outra reflexão: até que ponto as medidas atuais dão conta da velocidade com que a tecnologia avança?


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O que aprendemos com a experiência internacional


Enquanto o Brasil discute seus marcos legais, outras regiões já avançaram na regulação. A União Europeia aprovou a Lei de Inteligência Artificial (AI Act), a primeira legislação abrangente do tipo no mundo. A norma classifica sistemas de IA por nível de risco e impõe regras específicas para IA generativa, deepfakes e aplicações de alto impacto, com foco em transparência e proteção da saúde mental.


Nos Estados Unidos, ainda não há uma lei federal sobre IA, mas agências regulatórias têm pressionado as big techs a adotarem padrões de ética e segurança. O país aposta em códigos de conduta voluntários e recomendações do Executivo.


Esses exemplos mostram que a preocupação com os efeitos da IA e das redes sociais na saúde mental não é apenas brasileira: é global. E reforçam a necessidade de o Brasil avançar de forma consistente.

Inteligência artificial, redes sociais e saúde mental: o papel da Inteligov


O debate sobre inteligência artificial, redes sociais e saúde mental vai além de escolhas individuais de uso. Ele envolve legislações, regulamentações e políticas públicas que podem transformar a vida de milhões de pessoas.


Aqui na Inteligov, monitoramos diariamente o que acontece no Congresso Nacional, no Executivo e no Judiciário, oferecendo inteligência estratégica para profissionais, empresas e organizações que precisam se antecipar a mudanças.


Com nossa plataforma, você pode acompanhar em tempo real os projetos de lei sobre tecnologia e saúde mental, analisar seus impactos e entender como as políticas públicas evoluem.


Este é o último artigo da nossa série especial do Setembro Amarelo. Ao longo do mês, falamos sobre feminicídio e a Lei Maria da Penha, sobre a prevenção do suicídio, violência nas escolas e, agora, sobre tecnologia e saúde mental.


Na próxima semana, traremos novidades: uma nova série dedicada a relações governamentais, lobby, estratégias e políticas públicas. Continue acompanhando o blog e o podcast Entrelinhas.


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