Os constantes avanços vivenciados pelas populações globais fizeram com que o mundo voltasse sua atenção para redefinir o papel que as empresas desempenham e os impactos que suas decisões geram a toda a sociedade. Diante da necessidade de se aproximar, cada vez mais, de todos os stakeholders, temas como o ESG (do inglês Environmental, Social and Governance, que em tradução livre significa ambiental, social e governança) e o capitalismo sustentável, ou stakeholder capitalism, passaram a ser amplamente difundidos pelas organizações.
Em 2020, o Fórum Econômico Mundial de Davos, realizado na Suíça, contou com a participação de CEOs de grandes corporações para debater e promover o “stakeholder capitalism” (capitalismo stakeholder), que busca atender os interesses de todos os atores das companhias, ou seja, acionistas, colaboradores, clientes, fornecedores e toda a comunidade impactada pela empresa. O modelo surge para contrapor o “capitalismo shareholder”, prática comumente aplicada pelas instituições, na qual a prioridade máxima dos negócios visa o lucro para os acionistas.
Embora o conceito não seja novidade, a ideia do capitalismo de stakeholder ganhou força, sobretudo, no último ano — impulsionada, ainda, pela pandemia do novo coronavírus e somada ao uso massivo da tecnologia. Para além das crises sanitária e humanitária, a Covid-19 também transformou a maneira como as empresas são percebidas pela sociedade em um momento de grandes incertezas e adversidades.
A repercussão da morte de George Floyd, nos Estados Unidos, e a consequente criação do movimento “Black Lives Matter” é um exemplo da magnitude que temas sociais ganharam aos olhos da população. Mais do que gerar uma onda de manifestações contra o racismo ao redor do mundo, o episódio também suscitou a cobrança de um posicionamento mais rigoroso das organizações sobre políticas de inclusão racial.
Dessa forma, tanto o advento tecnológico como as transformações enfrentadas pela sociedade, conferem ao capitalismo stakeholder um lugar de destaque no centro de discussões na atualidade. Isso porque a prática defende a geração de valor a todas as partes interessadas, se constituindo como um tema transversal nas organizações e uma maneira mais abrangente do capitalismo.
Um novo capitalismo frente ao shareholder
O alinhamento entre os objetivos estratégicos voltados aos negócios e a criação de medidas de responsabilidade social corporativa têm sido uma necessidade mais premente para as organizações. Isso ocorre tanto pela cobrança da sociedade, quanto pelos próprios investidores, os quais consideram o posicionamento das empresas para definir a aplicação de recursos. Isso pode ser observado em um levantamento realizado pela Opimas: o valor total aplicado em ativos financeiros que seguem critérios de ESG dobrou nos últimos dois anos e alcançou US$ 40,5 trilhões.
Esse movimento reforça a ideia de que o lucro é um fator altamente relevante para as companhias, mas não é o único indicador para despertar o interesse dos investidores, visto que, para além da exigência de demonstrativos financeiros, também são solicitados relatórios que comprovem o exercício de práticas de ESG. Com isso, executivos que não se atentarem às mudanças podem colocar em risco a sobrevivência de seus negócios. Por essa razão, o novo modelo de capitalismo tem se tornado tão vital para as instituições.
Além disso, o estudo Global Climate Change and Sustainability Services, realizado com investidores institucionais em 2018, mostra que o ESG tem papel fundamental na tomada de decisão para 96% dos respondentes. Os dados corroboram a importância das companhias desenvolverem políticas e programas baseados no stakeholder capitalism — seja pela contribuição ao progresso da sociedade como um todo ou pela prosperidade de seus negócios.
Sendo assim, em um universo onde impera o capitalismo shareholder, organizações capazes de alterar seu plano de negócio — tirando o foco exclusivo dos lucros para os acionistas e abrindo possibilidades para um novo modelo que se se responsabiliza pelo bem-estar social, no qual os ganhos são diversificados entre a empresa e à sociedade — tendem a ganhar notoriedade no mercado e abrir caminho para atrair maiores aportes financeiros.
Os pilares do stakeholder capitalism
Para ajudar as empresas a avaliar as boas práticas de ESG e construir um modelo de negócios focado no capitalismo de stakeholder, o Fórum Econômico Mundial uniformizou critérios que devem ser observados. O documento Measuring Stakeholder Capitalism traz 55 métricas, divididas entre quatro principais pilares:
governança — critérios estabelecidos para avaliar a ética empresarial, combate à corrupção, gerenciamento de riscos e os princípios de transparência;
planeta — análise dos impactos para o meio ambiente, criação de políticas de gestão de resíduos, fontes energéticas, consumo de água, desmatamento e toda ação que possa gerar efeitos ao ambiente;
pessoas — diz respeito à forma como a organização cuida de seus colaboradores, investimento em programas de diversidade, combate às desigualdades, oportunidade de carreira e ações sociais;
prosperidade — avaliação do impacto ao bem-estar social, com indicadores voltados ao aumento no número de colaboradores, investimento em tecnologia, capacidade produtiva e geração de negócios de maneira sustentável.
A ideia é que, com o acompanhamento das métricas, as empresas demonstrem, a todos os seus stakeholders, a preocupação em avaliar riscos e oportunidades pertinentes aos seus negócios.
Para usar a análise de métricas de maneira satisfatória, é importante que as organizações façam balanços em seus relatórios e abordem as ações executadas tendo em vista os pilares e indicadores propostos. Integrar as métricas no modelo de governança corporativa, bem como na estratégia de negócios, reforça o comprometimento da empresa em gerar valor para toda a sociedade.
Nesse sentido, com o objetivo de auxiliar as organizações a fazer um melhor gerenciamento de todas as partes interessadas, assim como engajá-los no desenvolvimento dos negócios, a fim de obter melhores resultados de maneira geral, a Inteligov oferece solução focada na gestão de stakeholders — tanto para empresas que precisam iniciar esse processo de transição, como para àquelas que buscam atuar sobre a análise de suas métricas.
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