Você já se perguntou qual é o papel das relações institucionais e governamentais (RIG) na estratégia das empresas? Consegue diferenciar RIG e Relgov? Sabe quais são as habilidades fundamentais para ser um profissional de RIG excepcional?
Para responder a essas perguntas, a Comunidade Inteligov contou com a participação de um dos grandes especialistas da área. Em um evento exclusivo para os membros da Comunidade, Antonio Totaro Neto, sócio fundador da TORO RIG, compartilhou um pouco da sua experiência e apresentou insights valiosos sobre o mercado de RIG.
O evento trata-se de mais uma ação promovida pela Comunidade Inteligov, com o intuito de levar conhecimento para quem já atua ou está formando a sua carreira em RIG. Para isso, a equipe de marketing e comunicação organiza diversos encontros a fim de promover debates e networking entre os participantes.
Dessa vez, o responsável por conduzir a entrevista foi Raphael Caldas, fundador e CEO da Inteligov. Logo no início da conversa, Caldas pediu para que Totaro contasse sobre a sua trajetória, passando pela construção de sua carreira em RIG e dando mais detalhes sobre a atuação de seu escritório.
O especialista conta que é advogado e que iniciou a sua carreira em um grande escritório de advocacia. Em seguida, viu a sua atuação ser direcionada para empresas, na época a Colgate-Palmolive, e se deparou com um momento de alta demanda na prática concorrencial, percebendo outras questões importantes a serem trabalhadas, além das questões jurídicas.
Pouco tempo depois, passou a fazer parte de uma empresa do setor de tabaco, onde firmou a sua percepção de que as relações para se conduzir alguns tipos de negócios, precisavam ganhar intensidade.
Depois dessa experiência, passou a gerenciar uma parte da equipe jurídica da Ambev e na sequência foi direcionado para a área de relações institucionais e governamentais. Este foi o momento em que se sentiu satisfeito, pois passou a colocar em prática a expertise que já vinha desenvolvendo, agora em um time com o foco total em RIG.
Com o passar dos anos, Totaro foi convidado a atuar internacionalmente, pela Ambev, para fazer RIG. Quando resolveu voltar ao Brasil, em meados de 2019, voltou a sua atenção para um mercado carente dessas práticas, onde poucos profissionais tinham a preocupação de gerar valor por meio das relações institucionais e governamentais.
Assim nasceu a TORO RIG, de uma ideia de criar algo novo, e que internalizasse a cultura das práticas de RIG no mercado corporativo brasileiro.
As diferenças entre RIG e Relgov
Definir a atuação de uma área especializada em RIG e de Relgov, muitas vezes pode ser confuso para quem ainda não está familiarizado com essas atividades, de acordo com os especialistas. Neste momento da conversa, Caldas questiona Totaro sobre como é possível diferenciar essas duas práticas.
Na visão de Totaro, as relações governamentais, ou Relgov, serão sempre definidas pela interação com o governo. Já o RIG, ele entende como uma atividade mais ampla, onde vários entes estão envolvidos nessas relações.
Para exemplificar, Totaro conta como organiza os objetivos da TORO RIG:
“Hoje temos quatro objetivos principais: a relação governamental propriamente dita; a questão reputacional, onde estão inseridos os conceitos ESG; as relações institucionais, como por exemplo com as associações; e a comunicação estratégica.”, explica Totaro.
Caldas pontua que essa atuação mais estratégica tem despertado a atenção dos profissionais de RIG para as práticas ESG. Com isso, cita os riscos do greenwashing e da perda de reputação por empresas que não estão alinhadas com os fatores ambientais, sociais e de governança.
Porém, a preocupação com o ESG é algo que já vem sendo observado por grandes empresas há muitos anos, só que antes tinha outras nomenclaturas, afirma Totaro. No entanto, o especialista destaca que, atualmente, o não investimento em boas práticas e a dificuldade em se definir metas pode impactar negativamente não só a reputação, mas a operação das organizações.
O que é o RIG estratégico
“As relações institucionais e governamentais precisam gerar valor”. É dessa forma que Totaro começa a definir o RIG estratégico.
Ele explica que o RIG estratégico vai muito além de resolver problemas da empresa ou de defender os direitos da instituição, como seria o caso de um departamento jurídico. Ou seja, é a capacidade de minimizar os riscos de forma proativa em benefício da comunidade.
“O RIG estratégico não está interessado em gerar valor para apenas uma das partes, mas na conciliação de todas as questões envolvidas, para se chegar a um denominador comum.”, afirma Totaro.
O sócio fundador da TORO RIG lembra que a observação do que é possível ser feito para alcançar os objetivos da empresa e da comunidade não é subjetiva, ela é norteada pela lei. Logo, o que é subjetivo, ou o que a lei não estipula, deve ser estudado pelo RIG estratégico, para que as decisões tomadas acerca do tema sejam as menos arriscadas.
Quando questionado por Caldas se também era possível desempenhar o RIG estratégico em empresas do terceiro setor, Totaro é categórico em afirmar que quando há a possibilidade de atuar na defesa de interesses, seja no sindicato, governo ou organização privada, há espaço para gerar valor, ou construir um legado, por meio do RIG estratégico.
As qualidades para um profissional de RIG
Também durante o bate-papo, pensando em orientar quem está iniciando na área, o CEO da Inteligov pediu para que Totaro indicasse quais são as habilidades fundamentais para um profissional excepcional em RIG.
Para caracterizar este profissional, Totaro contextualiza o mercado corporativo, onde as demandas são praticamente todas urgentes e o ciclo de trabalho intenso. Logo, qualidades como proatividade, dinamismo e agilidade são fundamentais.
Quanto às hard skills, o especialista acredita que são premissas, ou seja, todos que estão na área devem dominar essas competências. Nesse sentido, são as soft skills que vão se sobressair, destacando profissionais com uma escuta atenta, observadores e bons estrategistas, por exemplo.
Por fim, Totaro cita a capacidade de imersão no tema em que o profissional está inserido:
“O cliente, ou o empregador, não gosta de perceber que você não sabe do assunto, portanto é preciso estudar para se inteirar do setor.”, pontua.
Antes de finalizar o evento, Caldas ainda abriu um espaço para perguntas feitas pelos membros da Comunidade. Foram abordadas questões sobre a mudança da relação entre os Poderes Executivo e Legislativo, dicas para fortalecer relacionamentos com stakeholders e uso de inteligência artificial nas estratégias de RIG.
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