
A discussão sobre o que muda com a Reforma Tributária é um tema que permeia debates políticos e econômicos há décadas. O Brasil possui um dos sistemas tributários mais complexos do mundo, que impacta diretamente a competitividade das empresas, a geração de empregos e o desenvolvimento econômico e social do país.
Recentemente, avanços significativos foram alcançados com a aprovação da regulamentação da Reforma Tributária. Este artigo explora o conceito de sistema tributário, a relevância da reforma, o que foi estabelecido na regulamentação, seus impactos esperados e o contexto político da votação.
O que significa Sistema Tributário?
O sistema tributário é o conjunto de normas, leis e disposições constitucionais que regem a arrecadação de impostos, taxas e contribuições em um país. Ele é fundamental para financiar as atividades do Estado, como saúde, educação, infraestrutura e segurança.
No Brasil, o sistema é organizado em três esferas: federal, estadual e municipal, cada uma com suas próprias competências.

Entre os principais tributos estão:
Federais: !mposto de Renda (IR), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Estaduais: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Municipais: Imposto sobre Serviços (ISS) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Apesar de sua importância, a complexidade e a burocracia do sistema tributário brasileiro geram desafios significativos para empresas e contribuintes, destacando a necessidade de uma reforma.
Qual a importância da Reforma Tributária?
A Reforma Tributária busca simplificar e modernizar o sistema de arrecadação no Brasil. Atualmente, o chamado "Custo Brasil" é apontado como um dos principais entraves ao crescimento econômico, representando cerca de 22% do PIB nacional. Essa realidade afeta a competitividade das empresas e encarece produtos e serviços para a população.
Os principais objetivos da reforma incluem:
Unificação de impostos: tributos como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS serão substituídos por um novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), reduzindo a complexidade do sistema.
Transparência fiscal: facilitar o entendimento sobre a incidência de impostos nos preços.
Ambiente de negócios favorável: reduzir custos administrativos e promover maior segurança jurídica para investidores.
Equidade tributária: tornar o sistema mais justo, com mecanismos como alíquotas diferenciadas para setores essenciais e devolução de impostos pagos para famílias de baixa renda.
O que foi estabelecido na regulamentação da Reforma Tributária?
A regulamentação aprovada pela Câmara dos Deputados detalha os aspectos operacionais da implementação das novas regras tributárias. Entre os pontos principais estão:
Unificação de Tributos
Cinco impostos atuais (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) serão substituídos por dois novos tributos:
Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS): Tributo federal que unificará PIS, Cofins e IPI.
Imposto sobre Bens e Serviços (IBS): Tributo estadual e municipal que substituirá ICMS e ISS.
Imposto Seletivo (IS)
Será criado um imposto adicional sobre produtos considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como cigarros, bebidas alcoólicas e bebidas açucaradas.
Alíquota padrão e trava
A alíquota padrão combinada de CBS e IBS está estimada em 26,5%. Foi estabelecida uma trava para evitar que a alíquota ultrapasse esse percentual; caso isso ocorra, medidas de redução de benefícios fiscais serão acionadas para manter o equilíbrio tributário.
Cesta básica nacional
Produtos essenciais, como carnes, leite, arroz, feijão, café, farinhas, açúcar, massas, pão francês e queijos, terão alíquota zero, visando reduzir o impacto tributário sobre itens de primeira necessidade.
Cashback para famílias de baixa renda
Será implementado um mecanismo de devolução parcial de impostos pagos em itens essenciais para famílias inscritas no Cadastro Único, promovendo maior justiça fiscal.
Setores com alíquotas diferenciadas
Alguns setores terão alíquotas reduzidas para minimizar impactos:
Serviços de Saúde e Educação: Redução de 60% na alíquota.
Saneamento Básico: Inicialmente incluído na alíquota reduzida, mas posteriormente retirado dessa categoria pela Câmara dos Deputados.
Serviços de Saúde Veterinária: Equiparados à saúde humana, com redução de 60% na alíquota.
Transição gradual
O novo sistema tributário entrará em vigor em 2026, com uma fase inicial de testes. A implementação completa ocorrerá de forma progressiva entre 2027 e 2033, permitindo que empresas e governos ajustem seus processos ao longo do tempo.
Essas medidas visam simplificar o sistema tributário brasileiro, aumentar a transparência e promover um ambiente de negócios mais favorável.
Quais os impactos esperados?
A implementação da Reforma Tributária tem potencial para transformar positivamente o cenário econômico do Brasil. Entre os impactos esperados estão:
Competitividade empresarial: redução de custos administrativos e burocráticos para empresas, facilitando a expansão de negócios.
Estímulo ao crescimento: simplificação tributária pode atrair investimentos e gerar empregos.
Justiça fiscal: alíquotas diferenciadas e o mecanismo de cashback promovem maior equidade no sistema.
Sustentabilidade: o imposto seletivo incentiva a redução do consumo de produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
Apesar dos avanços, desafios como a adequação de sistemas empresariais e a capacitação de gestores públicos são indispensáveis para o sucesso da implementação.
Como votaram os deputados?
A aprovação da regulamentação da Reforma Tributária foi marcada por intensas articulações políticas. Na Câmara dos Deputados, o PLP 68/2024 foi aprovado com 324 votos a favor, 123 contrários e três abstenções. Durante as discussões, divergências entre partidos e interesses regionais evidenciaram a complexidade da pauta.
Destaques aprovados: inclusão de carnes na cesta básica com alíquota zero.
Propostas rejeitadas: inclusão de armas e munições no imposto seletivo.
A aprovação reflete um compromisso político para avançar na modernização do sistema tributário, mas também evidencia desafios para a implementação de mudanças estruturais.

Qual o posicionamento dos partidos políticos?
O debate sobre a Reforma Tributária também destacou o posicionamento dos principais partidos políticos:
Partido dos Trabalhadores (PT): demonstrou apoio quase integral à regulamentação, alinhado ao governo federal.
Movimento Democrático Brasileiro (MDB): maioria favorável, com exceções pontuais.
Partido Liberal (PL): a oposição foi predominante, embora alguns parlamentares tenham votado a favor.
União Brasil: houve divisão interna, refletindo interesses regionais diversos.
Essas divergências reforçam a importância de negociações e diálogo para garantir a implementação de uma reforma abrangente e eficaz.
Como acompanhar a implementação da Reforma Tributária?
A Reforma Tributária representa um marco histórico para o Brasil, com potencial para transformar o sistema fiscal, promover crescimento econômico e reduzir desigualdades. Contudo, o sucesso de sua implementação dependerá de uma colaboração efetiva entre governo, empresas e sociedade.
Por isso, manter-se informado sobre as etapas desse processo é essencial, especialmente devido à complexidade e ao impacto direto das mudanças na economia e nos negócios.
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