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Mensurar resultados em Relgov ainda é um desafio para você?

Atualizado: 23 de fev. de 2023

Diante de um processo decisório de grande complexidade no Brasil, a área de Relgov tem ganhado cada vez mais relevância dentro das organizações, consolidando-se como parte essencial para o desenvolvimento estratégico de empresas de todos os setores econômicos.


Isso porque a atuação do profissional de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) tem se mostrado fundamental em função de seu papel na articulação de políticas públicas e na avaliação de eventuais riscos trazidos pelas atividades governamentais para os negócios. Mais do que isso, o fortalecimento de relacionamentos com stakeholders e a construção da defesa de interesses denotam o alto valor da área de Relgov para as companhias que buscam oportunidades.


Contudo, as atividades desenvolvidas pelos profissionais de RIG ainda enfrentam grandes desafios, tanto externa como internamente, quando se trata do reconhecimento da importância da estruturação da área enquanto meio fundamental para a criação de ambientes de negócios favoráveis. Entre os principais fatores que contribuem para esse cenário está a falta de investimento para a gestão estratégica da área – que diz respeito, sobretudo, à forma de gerenciar com foco na otimização de processos para que se tornem eficazes e estejam, especialmente, alinhados aos objetivos estratégicos das organizações.


É justamente por meio da gestão estratégica que a área de Relgov conseguirá contribuir para o alcance dos resultados desejados. Para isso, no entanto, é imprescindível que os gestores estejam atentos às necessidades da área para que os profissionais de RIG possam ter conhecimento do todo e, assim, orientar o melhor caminho a seguir. Nesse sentido, a performance surge intrinsecamente associada à eficiência da área. Isso porque o desenvolvimento de planejamentos estratégicos sem a mensuração de resultados não é efetivo. É preciso que as empresas elaborem sistemas de métricas que possam nortear o progresso da atuação.


A mensuração de resultados em Relgov

Embora a área de Relgov não conte com soluções de prateleira, é comum que algumas organizações avaliem os objetivos alcançados, custos reduzidos, vitórias ou derrotas legislativas, entre outros. Contudo, para que seja possível construir resultados é preciso adaptar as métricas à realidade da empresa.


Para isso, é importante ter em mente que ao tratar das atividades de RIG, a criação de indicadores de performance (KPIs, sigla em inglês para Key Performance Indicator) depende totalmente da definição de objetivos estratégicos e que tais objetivos para Relgov tendem a ser construídos para longo prazo. Importante salientar, ainda, que os objetivos devem envolver a gestão de risco e identificação de oportunidades que podem, muitas vezes, não depender somente da atividade de RIG. Além disso, como boa parte das ações são realizadas em conjunto com outros stakeholders, isolar o objetivo da área nem sempre será possível, especialmente ao considerar que o ambiente político institucional brasileiro é complexo e instável.


Dessa forma, a construção de KPIs deve levar em conta, ainda, a cultura organizacional para a criação de propostas de valor para a área de Relgov. Ou seja, se a organização está orientada aos indicadores quantitativos, é importante que os indicadores acompanhem a diretriz e apontem para custos a serem evitados, receitas criadas, retorno de investimentos etc. Do mesmo modo, se a companhia foca no fortalecimento de reputação e alcance de sua marca, os KPIs podem ser desenvolvidos para aferir a satisfação dos stakeholders internos e externos, por exemplo. No entanto, vale destacar que o ideal é que as organizações possam mesclar KPIs qualitativos e quantitativos.


Nesse sentido, há ainda os indicadores de resultado – que devem ser privilegiados frente aos KPIs de esforço. Isso porque a confusão comumente feita entre as métricas tende a trazer impactos negativos. É possível, por exemplo, que o profissional de RIG apresente relatórios com quantidade de reuniões agendadas, encontros realizados e análises produzidas. Esses números, por si só, não representam, necessariamente, bons resultados, uma vez que um problema pode ser solucionado após 10 reuniões ou com apenas uma ligação. Embora o resultado seja o mesmo, o esforço não é. 


Como criar KPIs na área de Relgov

Para contornar a questão, os KPIs podem ser desenvolvidos para avaliar o resultado entregue, como a porcentagem de sucesso. Analisar o número de vezes que a equipe de RIG participou de audiências e esteve no Congresso para realizar a defesa de interesses, por exemplo, certamente pode compor o rol de KPIs, contudo o sistema de métricas não deve se restringir somente a esses indicadores. 


Por fim, as organizações podem estabelecer frentes de KPIs para analisar diferentes cenários dentro da atuação de Relgov, separando indicadores da seguinte maneira, por exemplo: 


Financeiro – o impacto que as proposições legislativas monitoradas pela área podem gerar, em termos de recurso, se forem ou não aprovadas;

Stakeholders – quantificar e qualificar reuniões com parlamentares no caso de stakeholders externos e ampliar e fortalecer a comunicação acerca do andamento dos processos com o público interno;


Processos – quantificar as demandas recebidas internamente e apontar a taxa de resolução, criar pesquisas de satisfação com as áreas internas e compartilhar resultados. 


A partir da elaboração desse processo, a organização ganha ao ter uma área mais bem estruturada e que tem interface com todos os setores internos. Importante ressaltar, ainda, que existem algumas práticas que podem ser utilizadas nesse modelo, como a definição de metas da empresa em curto, médio e longo prazo e os indicadores que serão analisados para cada um dos objetivos, a análise de histórico de dados para identificar padrões dentro da companhia, que servirão para a elaboração de análises futuras, a utilização de softwares especializados em análise de KPIs e a elaboração constante de relatórios para mensurar os resultados. Para tanto, é fundamental que as empresas monitorem periodicamente o andamento para realizar alterações necessárias durante o processo.  


Com isso, as empresas tornam-se capazes de desenhar um planejamento estratégico abrangente e altamente integrado – o que possibilitará que a atuação do profissional de RIG contribua para o desenvolvimento de análises mais assertivas que auxiliarão na tomada de decisão, além de fortalecer os planos de ação. 

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