A tecnologia assumiu um papel fundamental dentro dos conceitos ESG. Se focarmos apenas na esfera ambiental, a tecnologia vem sendo utilizada de diversas formas para promover a sustentabilidade nas empresas.
Não raro, vemos organizações adotarem algum sistema de energia renovável, como solar ou eólica, ou implementarem mecanismos para a redução de emissão de carbono.
Monitorar o uso de recursos naturais, como água e energia, e identificar oportunidades de redução de desperdício também parecem ser atividades que a tecnologia tem facilitado para as empresas preocupadas em fortalecer uma política sustentável.
Já no aspecto social, a cada dia surgem inovações capazes de contribuir para a promoção da diversidade e inclusão nos times empresariais. Ferramentas de recrutamento e seleção baseadas em inteligência artificial, por exemplo, desde que mitigados seus próprios biases, podem minimizar efeitos como preconceitos e discriminações na seleção de candidatos, aumentando a representatividade das minorias.
Muitas vezes, a capacitação de colaboradores também fica a cargo de recursos tecnológicos, que por meio de treinamentos online e ferramentas digitais promovem o desenvolvimento de habilidades e competências.
É importante compreender também os benefícios da utilização de tecnologia para a governança corporativa, mas antes disso vamos entender alguns dos problemas mais frequentes enfrentados por empresas que não têm ações de governança bem definidas.
Em primeiro lugar vale destacar a falta de transparência. Ao mesmo tempo em que a transparência é um dos princípios da governança corporativa, a falta de processos transparentes é um dos maiores causadores de impactos negativos em organizações de todo o país.
Isso significa que empresas que querem crescer de maneira sustentável devem basear as suas estratégias apoiadas em um planejamento que contenha todas as informações sobre a real condição do negócio. No entanto, não se trata apenas de levantar indicadores financeiros e de risco.
Nesse sentido, é necessário mapear todos os outros potenciais cenários de crises, como a falta de investimentos em áreas essenciais ao empreendimento, controle das normas de regulação e a realização de auditorias independentes.
Qualquer deslize que seja ocasionado pela deficiência na transparência de informações, pode ser compreendido como uma brecha de governança corporativa.
Mesmo com processos transparentes, outra prática comum que pode levar empresas a enfrentarem graves problemas é a falta de fiscalização.
Frequentemente os executivos estão focados em determinar padrões, regras e uma cultura interna que estejam de acordo com o que foi estabelecido pelas boas práticas de governança. Porém, caso não aconteça o monitoramento do cumprimento desses processos, de nada adianta o rigor em implementar essas medidas.
Um dos casos que melhor pode ilustrar os danos causados pela falta de transparência e de fiscalização é o rompimento da barragem de Brumadinho, em 2015. A tragédia ocorrida no município mineiro caracteriza os efeitos máximos do não cumprimento de normas de compliance e de leis que disciplinam não apenas as relações entre empresas e governo, mas todos os atores-chave sociais e econômicos.
Vale salientar que o não cumprimento das normas reguladoras, mesmo que por motivos muito diferentes - do desconhecimento das leis vigentes à própria corrupção -, resultarão em consequências legais e, muito provavelmente, os desdobramentos serão suficientes para abalar a reputação da empresa por muitos anos. Isso, no melhor dos cenários.
Mesmo que consigam se manter em funcionamento, muitos negócios não conseguem retomar a confiança de parceiros e investidores. O mais comum, é que acabem enfrentando desafios constantes para reaver alguma segurança jurídica, perdendo valor do negócio e prejudicando a sua relevância no mercado.
Então, depois de verificar os problemas mais frequentes de uma governança corporativa ineficaz, podemos ter algumas ideias sobre como a tecnologia pode ser importante para a transparência e eficiência das operações.
Todas as empresas contam hoje com tecnologias como blockchain, inteligência artificial e big data. A questão é utilizá-las para aumentar a transparência das suas operações, garantindo que as informações relevantes sejam compartilhadas de forma segura e confiável com os stakeholders envolvidos.
Além disso, a tecnologia pode ser utilizada para monitorar e fiscalizar o cumprimento das políticas implementadas. A automação de processos, por exemplo, pode reduzir a possibilidade de erros humanos e assegurar que os procedimentos internos estejam em conformidade com as normas e regulamentos aplicáveis. A detecção de outliers pode permitir a rápida identificação de condutas em descompasso com políticas de integridade.
Por fim, empresas comprometidas em adotar boas práticas de governança, aliadas à tecnologia, podem se beneficiar ao protegerem os direitos e interesses de todos os envolvidos nas operações, aumentando a confiança de investidores e reduzindo o risco de litígios e conflitos.