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Foto do escritorAnna Carolina Romano

Eleições brasileiras e norte-americanas: diferenças e semelhanças


Título do artigo ao lado de uma imagem colorida em 3D de mãos segurando placas com a palavra "vote"

As eleições brasileiras e norte-americanas são frequentemente comparadas devido às suas diferenças marcantes, mas também possuem algumas semelhanças significativas. Ambos os sistemas refletem a importância dos princípios democráticos, mas cada país adota métodos distintos para garantir a representação dos cidadãos em suas respectivas esferas políticas. 


Neste artigo, exploraremos as características únicas de cada sistema, destacando as particularidades das eleições nos Estados Unidos e no Brasil, e como essas diferenças impactam o processo democrático em ambos os países.


Como funcionam as eleições nos EUA?


Nos Estados Unidos, as eleições presidenciais são um processo complexo que ocorre a cada quatro anos. Diferentemente do Brasil, onde o voto é direto, os eleitores americanos participam de um sistema indireto. Isso significa que eles não votam diretamente no presidente, mas sim em delegados que, posteriormente, votam no candidato que representará seu estado no Colégio Eleitoral.


Esse processo começa bem antes da eleição propriamente dita, com as chamadas primárias. Nas primárias, os eleitores escolhem os candidatos que irão representar cada partido na eleição presidencial. 


Este é um dos aspectos mais singulares das eleições norte-americanas, pois os próprios eleitores decidem quem serão os candidatos finais, ao contrário do Brasil, onde os partidos fazem essa escolha internamente.


O papel das primárias e caucus


As primárias nos Estados Unidos podem ser abertas ou fechadas, dependendo das regras de cada estado. Nas primárias abertas, qualquer eleitor pode participar, independentemente de sua filiação partidária. Já nas primárias fechadas, somente os eleitores registrados em um partido específico podem votar. 


Além das primárias, alguns estados realizam os caucus, onde os eleitores se reúnem em uma espécie de assembleia para discutir e votar publicamente nos candidatos.


Essa etapa das primárias é que vai determinar quais candidatos terão a chance de concorrer na eleição presidencial, e ela revela muito sobre o engajamento político dos eleitores. Também é neste momento que os partidos começam a mobilizar suas bases, preparando o terreno para a corrida final.

Homem negro, vestindo terno azul, na cabine de votação nos Estados Unidos
Créditos: Michael Appleton - Mayoral Photography Office

O Colégio Eleitoral e os delegados


O Colégio Eleitoral é uma instituição única no sistema eleitoral dos Estados Unidos. Composto por 538 delegados, ele é responsável por eleger o presidente. Cada estado tem um número de delegados proporcional à sua população, o que significa que estados mais populosos, como Califórnia e Texas, têm maior influência no resultado final.


Uma peculiaridade do Colégio Eleitoral é o sistema "winner takes all" adotado por 48 dos 50 estados. Nesse sistema, o candidato que obtém a maioria dos votos em um estado leva todos os votos dos delegados daquele estado. Isso pode levar a situações em que um candidato se torna presidente sem ter vencido no voto popular, como ocorreu em 2016 e 2000.


Origem e justificativa do Colégio Eleitoral


O Colégio Eleitoral foi criado durante a elaboração da Constituição dos Estados Unidos, em 1787, como um meio de equilibrar o poder entre os estados. Na época, havia preocupações sobre a logística de uma eleição nacional por voto popular, além de receios sobre o poder excessivo nas mãos de estados mais populosos.


Além disso, o Colégio Eleitoral foi influenciado por questões regionais, como a escravidão. Estados do sul, com grandes populações escravas que não tinham direito ao voto, temiam perder poder político. O compromisso foi criar um sistema em que os estados tivessem uma voz proporcional na eleição presidencial, levando em conta sua população, ainda que de forma indireta.


Voto obrigatório no Brasil vs. voto facultativo nos EUA


Uma das diferenças mais marcantes entre os dois sistemas é a obrigatoriedade do voto. No Brasil, o voto é obrigatório para cidadãos entre 18 e 70 anos. Aqueles que não votam devem justificar sua ausência ou enfrentar penalidades, como multas ou restrições em alguns direitos civis, como obter passaporte ou participar de concursos públicos.


Foto de uma sala de votação no Brasil e uma pessoa na cabine de votação
Créditos: Paulo Pinto - Fotos Públicas

Nos Estados Unidos, o voto é facultativo. Os cidadãos podem escolher não votar, sem enfrentar nenhuma penalidade. Isso significa que as campanhas eleitorais nos EUA têm que se esforçar não só para conquistar o voto, mas também para garantir que os eleitores compareçam no dia da eleição.


Bipartidarismo nos EUA e multipartidarismo no Brasil


O sistema político dos Estados Unidos é dominado por dois partidos principais: o Democrata e o Republicano. Embora existam outros partidos menores, a estrutura do sistema eleitoral dificulta que esses partidos menores tenham uma representação significativa. Isso resulta em uma eleição que é, na prática, bipartidária.


Já por aqui, o cenário é bem diferente. Desde 2023, o Brasil conta com 29 partidos políticos registrados, e as eleições são marcadas por uma fragmentação partidária significativa. Isso permite uma maior diversidade de representações, mas também pode levar a uma governabilidade mais complexa, com a necessidade de coalizões para formar maiorias.


Dia de votação e segundo turno


Outra diferença relevante é a forma como os dias de votação são organizados. Nos Estados Unidos, as eleições são realizadas sempre em uma terça-feira de novembro, que não é feriado. Isso pode complicar a participação dos eleitores, que muitas vezes precisam conciliar o horário de votação com o trabalho. Para contornar isso, muitos estados permitem o voto antecipado ou pelo correio.


No Brasil, as eleições são realizadas aos domingos, um dia em que a maioria da população está de folga, facilitando o comparecimento às urnas. Além disso, caso nenhum candidato atinja a maioria absoluta dos votos no primeiro turno, ocorre um segundo turno entre os dois mais votados, o que não acontece nos Estados Unidos.


A votação no papel e a urna eletrônica


Nos Estados Unidos, o método de votação pode variar de estado para estado. Embora alguns estados utilizem urnas eletrônicas, como no Brasil, a maioria ainda usa cédulas de papel. Essa diversidade de métodos pode levar a uma apuração mais lenta e a eventuais questionamentos sobre a integridade do processo, como ocorreu nas eleições de 2000 e 2020.


O Brasil, por outro lado, é pioneiro na adoção do voto eletrônico, com urnas eletrônicas sendo usadas em todo o território desde 2000. Esse sistema permite uma apuração rápida e segura dos votos, e é amplamente considerado um modelo de eficiência eleitoral.


Sistema eleitoral americano X brasileiro


Apesar das diferenças significativas, tanto o Brasil quanto os Estados Unidos compartilham o compromisso com a democracia e a participação cidadã. Ambos os sistemas têm suas peculiaridades, moldadas por contextos históricos e culturais distintos, mas ambos visam garantir que a vontade popular seja refletida na escolha de seus líderes.


O sistema brasileiro é mais direto e simplificado, com um foco na rapidez e na transparência. O sistema norte-americano, por outro lado, é mais complexo e refletido nas particularidades de sua história, como o Colégio Eleitoral. 


Compreender as particularidades dos sistemas eleitorais brasileiro e norte-americano é fundamental para apreciar a diversidade das democracias ao redor do mundo. Embora cada país tenha construído seu próprio caminho, ambos compartilham o compromisso com a participação cidadã e a busca por representatividade. Através dessas comparações, podemos refletir sobre os desafios e avanços em nossos próprios contextos eleitorais.


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