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Desmistificando a economia

Atualizado: 13 de fev. de 2023



As eleições estão chegando. Faltam apenas alguns meses para conhecermos o novo presidente e os novos parlamentares que irão reger o nosso país pelos próximos quatro anos. Neste cenário, temos alguns candidatos já conhecidos do eleitorado, além de uma terceira via que parece não desabrochar e, até o momento, nenhum deles apresentou um programa de governo sólido para conter a inflação que está dilapidando o Brasil.


Recentemente, em novo relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgou que a inflação do Brasil segue entre as maiores do mundo, além de se mostrar acima da média das grandes economias mundiais. No G20 – grupo dos países que representam a reunião dos principais atores da economia mundial -, o Brasil segue atrás apenas da Turquia, Argentina e Rússia. 


Para se ter uma ideia da inflação observada em território brasileiro, na média dos países do G20, a inflação em um período de 12 meses atingiu em maio a taxa de 8,8%, contra 8,5% em abril. Já no Brasil, a inflação no acumulado em 12 meses desacelerou em maio, mas ainda atingiu a taxa de 11,7%. Ainda de acordo com o relatório da OCDE, a inflação ano a ano aumentou em todos os países, exceto na Colômbia, Japão, Luxemburgo e na Holanda.


E, por mais que a inflação tenha se tornado um fenômeno global, muito em razão da pandemia e dos conflitos que fizeram disparar os preços de combustíveis, energia e alimentos, as taxas acima dos 10% ainda são exceções entre os países que ocupam o ranking de maiores economias do mundo.



A inflação e o índice IPCA

Taxas de inflação estão aumentando por todo o mundo. Mas e na prática, como a inflação é medida? Se por um lado o aumento da inflação pode ser benéfico – quando controlado indica crescimento econômico -, por outro pode acabar com o poder de compra de toda uma população.


Existem diferentes índices utilizados para determinar a taxa de inflação de um período, e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o índice oficial brasileiro. Ficar de olho nas movimentações do IPCA pode nos dar uma diretriz de como a inflação poderá valorizar ou desvalorizar o seu dinheiro ao longo do tempo.


O IPCA é medido mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir dos valores definidos pelos segmentos de produtos e serviços como alimentação, moradia e educação. O índice se refere às famílias com rendimento monetário de um a quarenta salários mínimos, independentemente da fonte, abrangendo as dez regiões metropolitanas do país, além de algumas capitais, medindo a variação dos preços desse conjunto de produtos e serviços vendidos no varejo e consumidos pelas famílias. 


São coletados cerca de 430 mil preços de 30 mil locais, que vão de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços a concessionárias de serviços públicos (como energia elétrica e água) e internet. Essa coleta acontece, em geral, entre os dias 1º e 30º do mês de referência. A soma das variações mensais compõe o índice anual. E, embora a alta do IPCA em um mês seja menor do que a observada no mês anterior, isso não significa que os preços baixaram, mas que a inflação foi menor.


Então, as altas e baixas nos índices do IPCA são reflexos das variações dos preços dos produtos e serviços, ou seja, se os preços dos produtos no supermercado estão elevados, certamente o IPCA acompanha este aumento. O IPCA também pode impactar diretamente investimentos de renda fixa como tesouro direto; CDB; LCA; e LCI.


Consequências da inflação

Na década de 1980 e início dos anos 90, a população brasileira sofreu com a hiperinflação. Em um mesmo mês, os preços de um mesmo produto chegavam a quase dobrar, indicando taxas de inflação superiores a 80% durante o período de 30 dias. Os comerciantes remarcavam diariamente os preços, a escassez de produtos era enorme – uma vez que as pessoas estocavam alimentos por temer preços ainda mais altos-, e os salários eram reajustados conforme a divulgação da inflação do mês.


Hoje, em virtude da cruel inflação que devasta o país – e ainda não chega a ser determinada como a hiperinflação – mais de 30 milhões de brasileiros estão no mapa da fome, 15 milhões de pessoas estão desempregadas e o Brasil caminha, cada vez mais, em direção à pobreza extrema. Mais de um quarto da população, cerca de 52 milhões de pessoas, já vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza. 


Fora isso, em razão do conflito entre Rússia e Ucrânia, todas as áreas – econômicas, sociais e políticas – estão se complicando, e não apenas no Brasil, mas em todo o planeta. A alta do preço do petróleo, ultrapassando os US$100 por barril, gera efeitos em cascata na cadeia econômica global. Em território brasileiro, o preço da gasolina chegou ao seu ápice e está 8,5% acima da média internacional.


E, mesmo que não exista um número ideal para a inflação, os brasileiros permanecem ansiosos e esperançosos de que os próximos responsáveis pela condução do país tenham a capacidade de identificar os problemas e pautem pontos de solução para que as famílias carentes consigam sobreviver. 


Este artigo foi escrito por Luiz Antonio Gomes Pinto, economista, ex-perito judicial e consultor financeiro com mais de trinta anos de experiência. Luiz também é o criador do podcast Economês.


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